A associação, os filhos e os enteados
- Daniela Ventura
- 29 de jan. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2023
Há alguns conceitos que podem parecer mais técnicos e/ou menos divertidos, mas que podem ser de grande ajuda para que o nosso mundo criativo entre em ebulição. São temas simples que nos vão passando despercebidos e aos quais podemos estar mais atentos. Um blábláblá que fará toda a diferença quando merecer a nossa atenção.
A associação é o que o próprio nome indica: ligar coisas associando-as umas às outras. A ondulação de um cabelo ao movimento da água de um ribeiro, por exemplo. Ou, o Dia dos Namorados ao confinamento - como são ambos temas tão "batidos" no meio digital e como, associados, podem fazer com que o possamos comemorar de uma forma mais criativa - surgindo novas ideias. Comparações, muitas vezes improváveis, mas fáceis de constatar se tivermos despertos.
Hoje falo de associações e de como definem o funcionamento do cérebro; e falo dos seus filhos e enteados, todos a negrito, abaixo. Ler e reflectir sobre estas questões é importante para mim de forma a conseguir alargar o meu leque de "ferramentas mentais".
Por norma, estabelecemos muito menos associações do que as que poderíamos fazer. Sendo que a inteligência criativa se fundamenta na capacidade de estabelecermos associações entre diferentes pensamentos e ideias - é fundamental mudarmos de hábitos. Mas há mais ferramentas mentais às quais podemos estar atentos:
MUDANÇA DE PERSPECTIVA
Cada um de nós vê a "realidade" sob um ponto de vista: o seu. Contudo, para aumentarmos o nosso potencial criativo é importante expandirmos os nossos horizontes e tentarmos ver o que está à nossa volta sob o maior número de perspectivas possíveis.
Ted Hughes, um poeta inglês, é um bom exemplo de alguém que o fez. Ele escreveu sobre natureza nunca partindo do seu ponto de vista, mas sim do de seres com quem se cruzava: uma raposa, peixes, pássaros, touros, entre outros. Já Maria Montessori fez o mesmo quando se colocou no lugar das crianças para criar todo um novo universo para elas. O facto dela ter olhado para o mundo sob uma perspectiva diferente, transformou vários sistemas de educação. Outros nomes, como Luther King, Alexandre Magno, Newton, poderiam ser boas referências de pessoas que - não só conseguem ver o mundo "nos sapatos dos outros" - como também são capazes de estabelecer ligações entre realidades.
AO CONTRÁRIO TAMBÉM É BOM
Ainda no seguimento do "nem sempre é o que parece" e da utilização de todo o nosso potencial criativo, encontra-se a inversão. Aqui, consideramos o que existe e pensamos no seu oposto. É como um escultor que, ao invés de impor a sua vontade sobre a pedra a talha como sendo um servo da sua vontade - tirando partido da sua natureza e beleza.
À medida que vamos aprendendo a ver as coisas sob diferentes pontos de vista, estabelecendo novas associações e invertendo conceitos, novas ideias incríveis surgem e o nosso mundo interno alarga-se a uma escala muito maior. O nosso carácter será muito mais próprio.
Escuta as pessoas usando os ouvidos, mas lendo nas entrelinhas quem elas são e o que é que o problema partilhado por elas significa. Experimenta e vê as coisas sob o ponto de vista dos outros, de outras criaturas e até de objectos. Que ponto de vista terá a estrela para a qual estás a olhar? E aquele chapéu de chuva que abre os braços em todo o seu esplendor? E, agora, conecta. Isso - CONEXÃO: onde tudo se conecta com tudo. Nada como reparar em como as coisas estão ligadas para espicaçar a nossa criatividade e expandir horizontes. No fundo, é tudo um jogo de possibilidades, de vivências e experiências - reais ou imaginárias.
Através da criatividade, fazemos associações de forma a criarmos novas ideias. Através da memória, fazemos associações com o objectivos de recriar ideias.
Aproveito para partilhar, aqui, dois exercícios relativos ao tema.
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