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ONTEM, HOJE E AMANHÃ

Parece a música do José Cid, mas trata-se apenas de um passeio corriqueiro pela veias da minha história e presente vida. Em 1975, ainda eu não era gente, já ele cantava “Ontem eras a menina mais alegre e mais bonita que eu já conheci (…)”. Cantorias à parte, por onde andará essa catraia hoje e como será no amanhã?

 

Ontem

Algures no ontem, sabia que um dia iria ter uma casa em forma de bota, no qual temia andar de vermelho com receio de atrair algum touro e onde jamais se conjugava cor-de-rosa com encarnado. Uma época em que a criatividade não teria jamais limites – de mãos dadas com a imaginação – a menos que a matassem cruelmente à machadada. Tentem lá imaginar: a criatividade toda espalhada, deformada, desengonçada! 

 

Em tempos idos, nos quais o meu cabelo saltitava por entre as minhas sardas, o Mundo não era já a única realidade consentida ao meu viver. Havia aquele meu – ai, era tão meu – no qual vivia sem descuidar, onde os aromas eram especiais, as casas artesanais, os bolos quentes e bebidos por chás ofegantes. 

 

Quando olho para essa menina, vejo-a preenchida por várias cores: alegria pura, vontade de viver, sorrisos, aconchego, coisas tão simples e tão bonitas e rabiscos de lápis de cor (mas sem sair do contorno preto, se faz favor). São tantas as vezes que me esqueço desta obra de arte pintalgada, que pensei em fazer um avental: para o poder vestir, sentir, ver ao espelho e não mais o despir. Ou então, em forma de fato-macaco com um material especial – pó de estrelas vindo do Universo: um daqueles que carregam, para além das cores, as memórias mais lindas e livres de dores.

 

Por falar em “dores” – não as vamos renegar, fazer desaparecer ou, sequer, despromover! Na, na, ni, na, não –  vou guardá-las dentro de uma caixa de metal verde (forrada a carmim) e plantá-las no sopé de um arco-íris. Afinal de contas – muitas ou poucas, mais ou menos demoradas, intensas ou quase nada: foram elas que me trouxeram até aqui, que fizeram parte dos alicerces que fui construindo e que me deram definição.

 

Deixei também, na minha caixa de metal verde (forrada a carmim) que vai ser plantada no sopé de um arco-íris (ou quem sabe enviada para o Sol dentro de um foguetão), a Daniela desintegrada. Posso contar-vos um segredo sobre ela: está a ser difícil deixá-la ir! Eu bem tento empurrá-la, mas ela costuma ser quentinha e igualmente bem confortável. Mas já decidi, devagar, devagarinho: por mais que me agarre na manga da camisola, vou fazê-la partir. Isto porque o que este ano nos pede, o que esta época nos ensina, é que o que importa são as relações com os outros, é a

entre-ajuda, é o pedir e dar. Não ganhamos em estarmos sós.

 

Enroladas num pano de tecido com um lindo padrão  – diferente da caixa de metal verde (forrada a carmim) que vai ser plantada no sopé de um arco-íris (ou quem sabe enviada para o Sol dentro de um foguetão) -, guardado e bem dobrado junto ao coração, guardo o foco na progressão. Essa sim, é um companheiro de longa viagem que estimo e ao qual me dedico – é o meu tudo, o meu sentido de missão.

 

Hoje

Quando nos pedem para falarmos de nós mesmas – de quem fomos, quem somo e de quem queremos ser – nem sempre é fácil. Envolve pararmos e termos um tête-à-tête com a nossa pessoa. Minha gente, e se há coisa que não estamos habituados a fazer e da qual tantos fogem a sete pés é o estarmos connosco, escutarmo-nos, questionarmo-nos. Se olharem para mim, vêm um bom exemplo disso, para aqui a escrever uma introdução rócócó enquanto empurro com a barriga o cerne da questão! 

  • alguém que sabe o que quer e para onde quer ir

  • esforçada

  • mãe amorosa mas ainda demasiado agarrada ao controlo

  • cuidadora

  • criativa

  • que não desiste e que quer melhorar

  • que carrega culpas que não precisa trazer consigo

  • a resgatar a auto-estima e amor próprio

  • em busca da sua essência e potencial

  • que quer vencer (progredir – ultrapassar limites e obstáculos)

 

E amanhã

  • pessoa liberta e alegre

  • mulher empoderada

  • que ama a vida, tudo e todos

  • que se emociona e sente a vida em cada célula

  • de coração aberto

  • que se entrega, confia e deixa fluir

  • alguém que consegue sentir profundamente e partilhar as suas experiências

  • com um potencial criativo ilimitado

  • alguém que acredita sem limites

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